Frase do dia

sábado, 15 de agosto de 2009

Quando uso onde ou aonde?

Aonde indica ideias de movimento ou aproximação. Opõe-se a donde, que exprime afastamento. Veja nos exemplos que a forma aonde costuma referir-se a verbos de movimento:
Aonde você vai?
Aonde querem chegar com essas atitudes?
Aonde devo dirigir-me para obter esclarecimentos?
Não sei aonde ir?
Onde indica o lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Normalmente, refere-se a verbos que exprimem estado ou permanência. Observe:
Onde você está?
Onde você vai ficar nas próximas férias?
Discrimine os locais onde as tropas permanecem estacionadas.
Não sei onde começar a procurar.
O estabelecimento dessa diferença de significado tem sido uma tendência do português moderno. Na língua clássica, ela não existia; ainda hoje, é comum encontrar-se o emprego indiferente de uma ou outra forma. Para satisfazer os padrões da língua culta, procure observar essa diferença.
CIPRO NETO, Pasquale. INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Scipione, 2003. p.531.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Soneto de separação, de Vinícius de Moraes



De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
e das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente de calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.


Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Mudança, de Clarice Lispector

Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante
que a velocidade.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.

Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente, observando com
atenção os lugares por onde você passa.

Tome outros ônibus.

Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas
Assista a outros programas de TV,
compre outros jornais... leia outros livros.

Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.

Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.

Corrija a postura.

Como um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.

A nova vida.

Tente.

Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.

Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida,
compre pão em outra padaria.

Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.

Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,
outro creme dental...
Tome banho em novos horários.

Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.

Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.

Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos
óculos, escreva outras poesias.

Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.

Abra conta em outro banco.

Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros,
outros teatros, visite novos museus.

Mude.

Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light, mais prazeroso,
mais digno, mais humano.

Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.

Seja criativo.

E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.

Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.

Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.

O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.

Só o que está morto não muda!

Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena!!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Soneto da fidelidade




de Vinicius de Moraes


De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de que vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa lhe dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

O sentido da Vida


Qual é o verdadeiro sentido da vida? Você sabe?
Nesse vídeo, podemos conhecer o verdadeiro sentido através do texto belíssimo de Cora Coralina.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Comunicação

Sendo o ser humano social, relaciona-se de modo interdependente com os indivíduos do grupo em que vive. A convivência realiza-se pela comunicação, que pode ser gestual, oral ou escrita. A eficácia determina a escolha da modalidade de qu se utiliza; por vezes, combinam-se duas ou mais formas de comunicação.

Os elementos são:

em que, por algum meio, alguém (emissor) comunica algo (mensagem) a outra pessoa (receptor) e observa as reações desta pessoa (é o retorno) para perceber a eficácia de sua comunicação.

O emissor deve ter habilidades cominicativas para enviar a mensagem ao seu interlocutor, seja na expressão oral (no conteúdo), com idéias claras; na forma, com articulação adequada, ritmo, volume de voz, elocução acompanhada de gesticulação pertinente), seja na expressão escrita (com domínio do assunto, com clareza e correção na organização das idéias e das frases).

O emissor deve levar em conta a capacidade de entendimento de seu receptor e regular o modo de expressar-se. Não se fala, sobre o mesmo asunto, da mesma forma com uma criança e com um adulto; com um ignorante e com um conhecedor do assunto.

Alguém, para ser um bom receptor, deve ter atenção auditiva dirigida para o emissor, concentrando-se em ouvir bem o que lhe é dito. Como leitor, deve ler o texto sem se deixar distrair por aquilo que perturba a atenção e desvia a mente do texto. Se há dificuldades de compreensão, elia sublinhando as palavras que não tenha entendido. Procure o significado no dicionário - não tente se enganar: só com pesquisa em dicionário seu vocabulário se amplia. Faça uma segunda leitura após o esclarecimento da significação dos vocábulos.

É amplo o significado de meio. Podemos entender como ambiente em que se dá a comunicação, bem como a via, o caminho, os canais que ligam o emissor ao receptor na transmissão de mensagem, oral ou escrita: jornais, rádio, cinema, televisão, internet,...

Cada meio de comunicação tem características próprias que o tornam mais eficiente. Procure verificar qual deve ser usado em determinado momento e lugar.

A mensagem deve ser adequada ao conjunto todo dos elementos de comunicação, tanto no conteúdo quanto na forma que se expressa por determinado meio para melhor atingir o receptor.

Ter idéias, entender o assunto de pouco lhe adianta se não souber como comunicar seus conhecimentos. Tanto isto vale na sua vida social quanto na profissional. Você terá mais facilidade de convivência e mais prestígio se souber comunicar bem, falando ou escrevendo.

NADÓLSKIS, Hêndricas. Comunicação Redacional Atualizada. São Paulo: Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas, 1999. p.83.

Mal / Mau

Mal pode ser advérbio, substantivo ou conjunção. Como advérbio, significa "irregularmente", "erradamente", "de forma incoveniente ou desagradável". Opõe-se a bem:

Era previsível que ele se comportaria mal.
Era evidente que ele estava mal-intencionado porque suas opiniões haviam repercutido mal na reunião anterior.
A seleção brasileira jogou mal, mas conseguiu vencer a partida.
Mal, como substantivo, pode significar "doença", "moléstia", em alguns casos, significa "aquilo que é prejudicial ou nocivo":
A febre amarela é um mal de que já nos havíamos livrado e que, devido ao descaso, voltou a atormentar as populações pobres.
O mal é que não se toma nenhuma atitude definitiva.
O substantivo mal também pode designar um conceito moral, ligado à ideia de maldade; nesse sentido, a palavra também se opõe a bem:
Há uma frase de que a visão da realidade nos faz muitas vezes duvidar: "O mal não compensa".
Quando conjunção, mal indica tempo:
Mal você chegou, ele saiu
Mau é adjetivo. Significa "ruim", "da má índole", "de má qualidade". Opõe-se a bom a apresenta a forma feminina má:
Trata-se de um mau administrador.
Tem um coração mau.
CIPRO NETO, Pasquale. INFANTE, Ulisses. Gramática da Língua Portugesa. São Paulo: Scipione, 2003. p.530-531.

Retrato, Cecília Meireles


de Cecília Meireles


Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força
tão paradas, frias e mortas
Eu não tinha esse coração que nem se mostra
Eu não dei por esta mudança simples,
tão certa, tão fácil
em que espelho ficou perdida minha face!

Somos todos poetas

de Murilo Mendes

Assisto em mim a um desdobrar de planos
as mãos vêem, os olhos ouvem, o cérebro se move,
A luz desce das origens através dos tempos
e caminha desde já
na frente dos meus sucessores
companheiro,
Eu sou tu, sou membro do teu corpo e adubo
da tua alma
Sou todos e sou um,
Sou responsável pela lepra do leproso e pela
Órbita vazia do cego,
pelos gritos isolados que não entraram no coro
Sou responsável pelas auroras que não
se levantam
E pela angústia que cresce dia a dia.

Toada do Amor

de Carlos Drummond de Andrade

E o amor sepre nessa toada:
briga perdoa perdoa briga

Não se deve xingar a vida,
a gente vive, depois esquece
Só o amor volta para brigar,
para perdoar,
amor cachorro bandido trem

Mas, se não fosse ele, também
que graça que a vida tinha?
Mariquita, dá cá o pito,
no teu pito está o infinito.