Frase do dia

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Crônica do Dia: CINQUENTINHA >> Fernanda Pinho

Te amo.

Não chora.

Segura na minha mão.

Olha o aviãozinho.

Obedece a tia.

Não briga com sua irmã.

Pro banho, agora.

Sai do sol.

Escovou os dentes?

Arrumou sua cama?

Engole tudo, senão vai ter que ir no médico.

Chocolate, só depois do almoço.

Só se comer tudo.

Lava as mãos antes de comer.

Amarra o cadarço.

Acorda, que você tá atrasada.

Vou chamar seu pai.

Devolve que isso não é seu.

Olha pra atravessar a rua.

Olha o que que você fez!

Olha pra frente.

Olha pra mim.

Silêncio!

Presta a atenção na aula.

Cuidado pra não pegar no olho.

Tem que esperar fazer digestão.

Só vai até o raso, viu?

Me respeita que eu sou sua mãe.

Já fez o dever?

Estudou pra prova?

Cadê seu boletim?

Volta aqui.

Sai do computador.

Abaixa a televisão.

Desliga o telefone!

Quem era?

Leva casaco.

Leva guarda-chuva.

Traz o troco.

Não lê no escuro.

Pede pro seu pai.

Vai aonde?

Vai com quem?

Volta que horas?

Me liga quando chegar lá.

Deixa o celular ligado.

Me dá um toque que eu te busco.

Que cara é essa?

Tá linda!

Deus te abençõe.

50 frases de mãe. Algumas que soam chatas no momento em que ouvimos mas, sem as quais, eu não seria 50% do que eu sou hoje. Uma pequena homenagem à uma pessoa que merece homenagens 50 milhões de vezes melhores. Minha mãe. A mãe que está entre as 50 melhores mães que já existiram (e em primeiro lugar, vejam só!) e que neste setembro completa 50 primaveras. 

Imagem: www.sxc.hu

www.twitter.com/ferdipinho

Fonte: Crônica do Dia: CINQUENTINHA >> Fernanda Pinho

Crônica do Dia: CINQUENTINHA >> Fernanda Pinho

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Soneto 17, Camilo Guimarães


Junho chegava em tempos de festança,
Risos marcando as nossas emoções,
A gente se tornava mais criança,
Vendo a noite encantada de balões.

Havia sempre aquela antiga dança
Da quadrilha, marcada nos salões,
Fogueiras, quase, em toda a vizinhança,
Com batatas, pipocas e rojões.

O mastro no alto, as sortes e o pedido
De amor eterno ou, então, de algum marido
À solteirona triste, sem ninguém.

Noite de São João, com seus bruxedos,
Que fez de tantos sonhos os enredos
E que fez tanto olhar cismar alguém

GUIMARÃES, Camilo. Lembranças de Esquecer. Ateliê Editorial. São Paulo, 1997.
Quanta saudade deste poeta-professor.....

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Demorei, mas voltei!!!

Olá, pessoal!!!

Falhou!!!! Prometi e não cumpri!!!! Nos próximos dias minha bebê irá nascer..... Serão longos dias, mas creio que em breve poderei compartilhar algo mais das minhas leituras.... Embora, no momento meus livros de cabeceira são sobre bebês.... rsrs
Um abraço a todos, e continuem suas buscas pelo blog....

Bjs

Ana Maria
01/07/2011

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04-02-11
Olá pessoal, boa tarde!! Fiquei bastante tempo sem atualizar o blog devido a falta de tempo e os preparativos para  a chegada meu bebê, mas o importante é que a partir de hoje vou atualizar frequentemente… .
Um grande abraço a todos

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Clarice Lispector, por David Duarte

Exibição de imagens com trilha de J. Sebastian Bach, para texto de Clarice Lispector, na voz de David Duarte. Ano 2007.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Estar grávida é…

... ler 50 vezes o resultado positivo do exame para ter certeza que está correto.
... ficar chocada ao saber que uma gestação dura 40 semanas e não nove meses como todo mundo diz por aí.
... se pegar imaginando, por horas a fio, como será os olhos, os cabelos e a pele do filho que vai chegar.
... torcer, e muuuuuuito, para que ele nasça perfeitinho.
... nunca mais dizer 'ai, se fosse meu filho!' quando encontrar uma criança tendo acessos de birra no corredor de um shopping center.
... sair na rua e só enxergar mulheres grávidas.
... ter sono, muito sono.
... esperar ansiosamente pelo dia do ultrassom, e assim que sair de lá, esperar ansiosamente pelo próximo!
... aprender a enxergar o filho nas manchas de um ultra-sonografia.
... ler muito sobre gravidez, pular o capitulo do parto (pois ainda é muito cedo pra se preocupar) e ir direto para os cuidados com o bebê.
... ir ao shopping e desejar apenas coisinhas para o filho.
... torcer para ficar barriguda.
... ficar muito esquisita e descobrir uma incrível capacidade de sentir todas as emoções em uma hora, da alegria descontrolada ao mau humor sem fim.
... acordar várias vezes de madrugada para fazer xixi.
... reparar que seu marido fica muito mais interessante como pai do seu filho e perceber que foi o único homem capaz de te presentear com tamanha alegria.
... rir sozinha ao sentir o bebê mexer, mesmo que ele te acorde várias vezes durante a noite, porque você não esta numa posição confortável para ele.
... acreditar num mundo melhor.

 

Autor Desconhecido

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Poema de Finados, Manuel Bandeira

Amanhã que é dia dos mortosrosas
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.

 
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.


O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Das Utopias, Mario Quintana

Se as coisas são inatingíveis... ora!


não é motivo para não quere-las...


Que tristes os caminhos, se não fora


a magica presença das estrelas!

Mário Quintana

O Buraco Negro

Olá, Pessoal!!!!

Recebi esse vídeo por e-mail, achei bem interessante.

Apreciem!!!!

Tenham um bom feriado!

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Doce sonho, suave e soberano, de Camões

Doce sonho, suave e soberano,
se por mais longo tempo me durara!
Ah! quem de sonho tal nunca acordara,
pois havia de ver tal desengano!

Ah! deleitoso bem! ah! doce engano,
se por mais largo espaço me enganara!
Se então a vida mísera acabara,
de alegria e prazer morrera ufano.

Ditoso, não estando em mim, pois tive,
dormindo, o que acordado ter quisera.
Olhai com que me paga meu destino!

Enfim, fora de mim, ditoso estive.
Em mentiras ter dita razão era,
pois sempre nas verdades fui mofino.

O relógio, João C. de Melo Neto

1.
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.


Se são jaulas não é certo;
mais perto estão das gaiolas
ao menos, pelo tamanho
e quadradiço de forma.


Uma vezes, tais gaiolas
vão penduradas nos muros;
outras vezes, mais privadas,
vão num bolso, num dos pulsos.


Mas onde esteja: a gaiola
será de pássaro ou pássara:
é alada a palpitação,
a saltação que ela guarda;


e de pássaro cantor,
não pássaro de plumagem:
pois delas se emite um canto
de uma tal continuidade


que continua cantando
se deixa de ouvi-lo a gente:
como a gente às vezes canta
para sentir-se existente.

2.
O que eles cantam, se pássaros,
é diferente de todos:
cantam numa linha baixa,
com voz de pássaro rouco;


desconhecem as variantes
e o estilo numeroso
dos pássaros que sabemos,
estejam presos ou soltos;


têm sempre o mesmo compasso
horizontal e monótono,
e nunca, em nenhum momento,
variam de repertório:

 
dir-se-ia que não importa
a nenhum ser escutado.
Assim, que não são artistas
nem artesãos, mas operários


para quem tudo o que cantam
é simplesmente trabalho,
trabalho rotina, em série,
impessoal, não assinado,

de operário que executa
seu martelo regular
proibido (ou sem querer)
do mínimo variar.

3.
A mão daquele martelo
nunca muda de compasso.
Mas tão igual sem fadiga,
mal deve ser de operário;


ela é por demais precisa
para não ser mão de máquina,
a máquina independente
de operação operária.


De máquina, mas movida
por uma força qualquer
que a move passando nela,
regular, sem decrescer:


quem sabe se algum monjolo
ou antiga roda de água
que vai rodando, passiva,
graçar a um fluido que a passa;

 
que fluido é ninguém vê:
da água não mostra os senões:
além de igual, é contínuo,
sem marés, sem estações.

 
E porque tampouco cabe,
por isso, pensar que é o vento,
há de ser um outro fluido
que a move: quem sabe, o tempo.


4.
Quando por algum motivo
a roda de água se rompe,
outra máquina se escuta:
agora, de dentro do homem;


outra máquina de dentro,
imediata, a reveza,
soando nas veias, no fundo
de poça no corpo, imersa.

 
Então se sente que o som
da máquina, ora interior,
nada possui de passivo,
de roda de água: é motor;

 
se descobre nele o afogo
de quem, ao fazer, se esforça,
e que êle, dentro, afinal,
revela vontade própria,


incapaz, agora, dentro,
de ainda disfarçar que nasce
daquela bomba motor
(coração, noutra linguagem)


que, sem nenhum coração,
vive a esgotar, gôta a gôta,
o que o homem, de reserva,
possa ter na íntima poça.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O teu riso, de Pablo Neruda

 

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.


Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.


A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.


Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.


À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.


Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Canção do expedicionário, Guilherme de Almeida

Tarsila_do_Amaral_-_A_Lua                                           A Lua – Tarsila do Amaral

Você sabe de onde eu venho?
Venho do morro, do engenho,
das selvas, dos cafezais,
da choupana onde um é pouco,
dois é bom, três é demais.

Venho das praias sedosas,
das montanhas alterosas,
do pampa, do seringal,
das margens crespas dos rios,
dos verdes mares bravios,
de minha terra natal.


Por mais terras que eu percorra,
não permita Deus que eu morra
sem que eu volte para lá
sem que leve por divisa
esse "V" que simboliza
a vitória que virá:


Nossa Vitória final,
que é a mira do meu fuzil,
a ração do meu bornal,
a água do meu cantil,
as asas do meu ideal,
a glória do meu Brasil!


Eu venho da minha terra,
da casa branca da serra
e do luar do sertão;
venho da minha Maria
cujo nome principia
na palma da minha mão.


Braços mornos de Moema,
lábios de mel de Iracema
estendidos para mim!
Ó minha terra querida
da Senhora Aparecida
e do Senhor do Bonfim!


Você sabe de onde eu venho?
É de uma pátria que eu tenho
no bojo do meu violão;
que de viver em meu peito
foi até tomando um jeito
de um enorme coração.


Deixei lá atrás meu terreiro
meu limão meu limoeiro,
meu pé de jacarandá,
minha casa pequenina
lá no alto da colina
onde canta o sabiá.


Venho de além desse monte
que ainda azula no horizonte,
onde o nosso amor nasceu;
do rancho que tinha ao lado
um coqueiro que, coitado,
de saudade já morreu.


Venho do verde mais belo,
do mais dourado amarelo,
do azul mais cheio de luz,
cheio de estrelas prateadas
que se ajoelham, deslumbradas,

Testamento do Poeta, José Régio

Todo esse vosso esforço é vão, amigos:

Não sou dos que se aceita... a não ser mortos.

Demais, já desisti de quaisquer portos;

Não peço a vossa esmola de mendigos.

 

O mesmo vos direi, sonhos antigos

De amor! olhos nos meus outrora absortos!

Corpos já hoje inchados, velhos, tortos,

Que fostes o melhor dos meus pascigos!

 

E o mesmo digo a tudo e a todos, – hoje

Que tudo e todos vejo reduzidos,

E ao meu próprio Deus nego, e o ar me foge.

 

Para reaver, porém, todo o Universo,

E amar! e crer! e achar meus mil sentidos!....

Basta-me o gesto de contar um verso.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ser professor…

FELIZ DIA DO PROFESSOR!!!!!!!!!!!!!!!!

Educação é Tudo, Rubens Alves

Texto de Rubens Alves

Edição de Aguinaldo Cabral.

Qualidade de Professor, Cecília Meirelles

 

professor

G1.com: Professora ensina crianças na sala de aula (Foto: Divulgação)

 

Se há uma criatura que tenha necessidade de formar e manter constantemente firme uma personalidade segura e complexa, essa é o professor.
Destinado a pôr-se em contato com a infância e a adolescência, nas suas mais várias e incoerentes modalidades, tendo de compreender as inquietações da criança e do jovem, para bem os orientar e satisfazer sua vida, deve ser também um contínuo aperfeiçoamento, uma concentração permanente de energias que sirvam de base e assegurem a sua possibilidade, variando sobre si mesmo, chegar a apreender cada fenômeno circunstante, conciliando todos os desacordos aparentes, todas as variações humanas nessa visão total indispensável aos educadores.
É, certamente, uma grande obra chegar a consolidar-se numa personalidade assim. Ser ao mesmo tempo um resultado — como todos somos — da época, do meio, da família, com características próprias, enérgicas, pessoais, e poder ser o que é cada aluno, descer à sua alma, feita de mil complexidades, também, para se poder pôr em contato com ela, e estimular-lhe o poder vital e a capacidade de evolução.
E ter o coração para se emocionar diante de cada temperamento.
E ter imaginação para sugerir.
E ter conhecimentos para enriquecer os caminhos transitados.
E saber ir e vir em redor desse mistério que existe em cada criatura, fornecendo-lhe cores luminosas para se definir, vibratilidades ardentes para se manifestar, força profunda para se erguer até o máximo, sem vacilações nem perigos. Saber ser poeta para inspirar. Quando a mocidade procura um rumo para a sua vida, leva consigo, no mais íntimo do peito, um exemplo guardado, que lhe serve de ideal.
Quantas vezes, entre esse ideal e o professor, se abrem enormes precipícios, de onde se originam os mais tristes desenganos e as dúvidas mais dolorosas!
Como seria admirável se o professor pudesse ser tão perfeito que constituísse, ele mesmo, o exemplo amado de seus alunos!
E, depois de ter vivido diante dos seus olhos, dirigindo uma classe, pudesse morar para sempre na sua vida, orientando-a e fortalecendo-a com a inesgotável fecundidade da sua recordação.

Texto de Cecília Meireles, extraído do livro Crônicas de Educação 3