Frase do dia

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quadrilha, de Drummond de Andrade

João amava Teresa que amava Raimundo


que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili

que não amava ninguém.

João foi para o Estados Unidos, Teresa para o

convento,

Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,

Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto

Fernandes

que não tinha entrado na história.

ACERCA DE E HA CERCA DE ?

Acerca de significa "sobre", "a respeito de": Haverá uma palestra acerca das conseqüências das queimadas.

Há cerca de indica um período aproximado de tempo já transcorrido: Os primeiros colonizadores surgiram há cerca de quinhentos anos.

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. GRÁMATICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Scipione, 2003

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

A E HÁ na expressão de tempo

O verbo haver é usado em expressões que indicam tempo já transcorrido: Tais fatos aconteceram há dez anos.


Nesse sentido, é equivalente ao verbo fazer: Tudo aconteceu faz dez anos.

A preposição a surge em expressões em que a substituição pelo verbo fazer é impossível: O lançamento do satélite ocorrerá daqui a duas semanas. / Partiriam dali a duas horas.

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. GRÁMATICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Scipione, 2003.

Papo Furado - Análise Gramatical da Entrevista dos Nardoni

Rafinha Bastos e Marcelo Mansfield analisam a entrevista que o casal Nardoni deu para o Fantástico. http://www.rafinhabastos.com.br/.


Este vídeo é para descontrair....

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

AO ENCONTRO DE E DE ENCONTRO A ?

Ao encontro de indica "ser favorável a", "aproximar-se de": Ainda bem que sua posição veio ao encontro da minha. / Quando a viu, foi ao seu encontro e abraçou-a.

De encontro a indica oposição, choque, colisão. Veja: Suas opiniões sempre vieram de encontro às minhas: pertencemos a mundos diferentes. / O caminhão foi de encontro ao muro, derrubando-o.


CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. GRÁMATICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Scipione, 2003.

A PAR E AO PAR?

A par tem o sentido de "bem-informado", "ciente": Mantenha-me a par de tudo o que acontecer. É importante manter-se a par das decisões parlamentares.

Ao par é uma expressão usada para indicar relação de equivalência ou igualdade entre valores financeiros (geralmente em operações cambiais): As moedas fortes mantêm o câmbio praticamente ao par.

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. GRÁMATICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Scipione, 2003.

Conto de mistério, de Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta

                Com a gola do paletó levantada e a aba do chapéu abaixada, caminhando pelos cantos escuros, era quase impossível a qualquer pessoa que cruzasse com ele ver seu rosto. No local combinado, parou e fez o sinal que tinham já estipulado à guisa de senha. Parou debaixo do poste, acendeu um cigarro e soltou a fumaça em três baforadas compassadas. Imediatamente um sujeito mal-encarado, que se encontrava no café em frente, ajeitou a gravata e cuspiu de banda.

                Era aquele. Atravessou cautelosamente a rua, entrou no café e pediu um guaraná. O outro sorriu e se aproximou:
             - Siga-me! - foi a ordem dada com voz cava. Deu apenas um gole no guaraná e saiu. O outro entrou num beco úmido e mal-iluminado e ele - a uma distância de uns dez a doze passos - entrou também.
             Ali parecia não haver ninguém. O silêncio era sepulcral. Mas o homem que ia na frente olhou em volta, certificou-se de que não havia ninguém de tocaia e bateu numa janela. Logo uma dobradiça gemeu e a porta abriu-se discretamente.
            Entraram os dois e deram numa sala pequena e enfumaçada onde, no centro, via-se uma mesa cheia de pequenos pacotes. Por trás dela um sujeito de barba crescida, roupas humildes e ar de agricultor parecia ter medo do que ia fazer. Não hesitou - porém - quando o homem que entrara na frente apontou para o que entrara em seguida e disse: "É este".
            O que estava por trás da mesa pegou um dos pacotes e entregou ao que falara. Este passou o pacote para o outro e perguntou se trouxera o dinheiro. Um aceno de cabeça foi a resposta. Enfiou a mão no bolso, tirou um bolo de notas e entregou ao parceiro. Depois virou-se para sair. O que entrara com ele disse que ficaria ali.
           Saiu então sozinho, caminhando rente às paredes do beco. Quando alcançou uma rua mais clara, assoviou para um táxi que passava e mandou tocar a toda pressa para determinado endereço. O motorista obedeceu e, meia hora depois, entrava em casa a berrar para a mulher:
           - Julieta! Ó Julieta... consegui.
           A mulher veio lá de dentro euxugando as mãos em um avental, a sorrir de felicidade. O marido colocou o pacote sobre a mesa, num ar triunfal. Ela abriu o pacote e verificou que o marido conseguira mesmo. Ali estava: um quilo de feijão.

Fonte: http://www.casadobruxo.com.br/

Para viver um grande amor, de Vinícius de Moraes

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Guernica, Murilo Mendes

Subsiste, Guernica, o exemplo macho,
Subsiste para sempre a honra castiça,
A jovem e antiga tradição do carvalho
Que descerra o pálio de diamante.

A força do teu coração desencadeado
Contactou os subterrâneos de Espanha.
E o mundo da lucidez a recebeu:
O ar voa incorporando-se teu nome.

In: MENDES, Murilo. Antologia poética. Sel. João Cabral de Melo Neto. Introd. José Guilherme Merquior. Rio de Janeiro: Fontana; Brasília: INL, 1976

Espelho, de Mario Quintana

Por acaso, surpreendo-me no espelho:
Quem é esse que me olha e é tão mais velho que eu? (...)
Parece meu velho pai - que já morreu! (...)
Nosso olhar duro interroga:
"O que fizeste de mim?" Eu pai? Tu é que me invadiste.
Lentamente, ruga a ruga... Que importa!
Eu sou ainda aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra,
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!
Vi sorrir nesses cansados olhos um orgulho triste..."