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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Relatório

O relatório é um documento em que se registram observações, pesquisas, investigações, fatos, variando de acordo com o assunto e com as finalidades. Assim, há, por exemplo, relatório executivo, operacional, de estágio, de auditoria, de reunião de estudos.


A redação é a etapa final do desenvolvimento de um processo. Só será bem feita se as etapas iniciais tiverem sido todas cumpridas com dedicação e cuidado. Para redigir bem, o relator deve ter expressão lingüística desenvolvida pelo treino constante de redação alicerçada em bons conhecimentos gramaticais. A clareza e a correção devem constituir-se em preocupação constante para se conseguir um texto de leitura fácil e agradável.



Etapas da redação de um relatório



1) ATITUDES ANTES DE SE INICIAR O TRABALHO DE CAMPO

 Deve haver preparação intelectual para perfeito conhecimento do assunto a ser tratado no relatório.

 Disposição psicológica positiva facilitará a tarefa e o deixará mais atento e disposto para a realização do trabalho todo.

 A fixação dos objetivos, das finalidades é imprescindível para o correto desenvolvimento das atividades.

 A determinação dos métodos de trabalho ser feita criteriosamente, levando em conta os objetivos, as circunstâncias, os recursos – é a marcação de como será percorrido o caminho.

 Adequação ao destinatário: você irá comunicar-se de acordo com quem receberá a sua mensagem. Use a linguagem que irá atingir mais eficazmente quem irá ler e avaliar o relatório. Pense no destinatário antes de iniciar o trabalho, para fazer as suas opções com mais acerto.



2) DURANTE O TRABALHO DE CAMPO

 Observações devem ser cuidadosas, muito atentas. Para observar, concentre-se no trabalho, evitando distrações que desviem a atenção.

 Anotações: não confie na memória nem a sobrecarregue. As anotações é que darão os dados para a redação do relatório.

 A seleção das observações relevantes é feita nos momentos de reflexão sobre o que já foi realizado, num processo de avaliação parcial.

 Conclusões parciais decorrem da seleção de observações e de sua avaliação.

 Recomendações: quais você apresenta, se o relatório é de caráter consultivo. Assuma posições com base em argumentos decorrentes dos fatos comprovados.

 Comentários dos outros envolvidos no trabalho. Se o seu texto relata observações sobre o trabalho de outras pessoas, é preciso saber a opinião, as justificativas, as explicações – enfim, os argumentos que elas têm para explicar os fatos, esclarecer as dúvidas.

 Reavaliação do trabalho é uma reflexão sobre o que se fez para determinar os valores e estabelecer os níveis de importância dos elementos que serão relatados.



3) ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO - RASCUNHO

 Esquematize o relatório antes de iniciar a redação.

 Cabeçalhos breves facilitam a leitura e despertam mais interesse.

 A linguagem deve ser clara, correta, concisa, adequada. É primordial conhecer bem as normas da Língua Portuguesa para reproduzir um texto em bom nível. Evite a linguagem afetiva num trabalho que deve ser técnico.

 A revisão do texto deve ser feita várias vezes no rascunho. Dê um espaço de tempo entre uma e outra releitura, para ter uma visão crítica mais acurada sobre o que escreveu.



4) REDAÇÃO FINAL

 Reestude o texto do rascunho. Reveja não só suas observações, opiniões, mas também a expressão lingüística.

 Reescreva o que for necessário, não se acomode nem seja impaciente.

 Cuide bem da apresentação gráfica, com boa grafia, para que o trabalho possa ser lido com facilidade. Não deve haver grafismos desnecessários, como abuso de sublinhados e de maiúsculas.

 A ilustração com mapas, gráficos, gravuras facilita a comunicação. Observe se é conveniente intercalar as ilustrações no texto ou se é melhor abrir mais uma seção no final para as ilustrações.

 A revisão deve ser cuidadosa tanto no aspecto gráfico quanto no conteúdo. Se possível, peça para um colega fazer a revisão.

 Date, assine e encaminhe o relatório.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Os 10 erros mais cometidos em redação

Há alguns equívocos muito comuns em redações e, por este motivo, estão no patamar dos mais cometidos. Mas isso ocorre apenas por falta de conhecimento, portanto, uma vez informados, os estudantes não voltam a cometê-los.


Vejamos, então, os 10 erros mais cometidos em redação: (não estão por ordem de importância)

1. “Fazem dez anos que não vemos tantas mudanças”. O verbo “fazer” no sentido temporal, de tempo decorrido ou de fenômenos atmosféricos é impessoal, ou seja, fica no singular: Faz dez anos... Faz muito frio...

2. “Houveram muitas passeatas nesta semana em prol da igualdade racial.” O verbo haver acompanha o mesmo raciocínio do verbo “fazer”, citado acima. No sentido de existir ou na ideia de tempo decorrido, o verbo haver é impessoal: Houve muitas passeatas... Há tempos não o vejo... Havia algumas cadeiras disponíveis.

3. “Para mim escolher, preciso de um tempo.” Na dúvida verifique quem é o sujeito do verbo. No caso, o verbo “escolher” não tem sujeito, pois “mim” não pode ser! O certo seria o pronome “eu”: para eu escolher. A expressão “para mim” só funciona quando é objeto direto: Traga essa folha para mim. Dessa forma, sempre diga e escreva: Para eu fazer, para eu levar, para eu falar, pois o verbo precisa de um sujeito!

4. “Esse assunto fica entre eu e você!” Quando a preposição existe, neste caso “entre”, usa-se o pronome oblíquo. O correto é: entre mim e você ou entre mim e ti. Portanto, use pronome oblíquo tônico (mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, si, eles, elas) após preposição: falava sobre mim, faça por nós, entre mim e você não há problemas, falavam entre si.

5. “Há muito tempo atrás, comprei uma bicicleta.” O verbo “há” tem sentido de tempo passado, logo não há necessidade de adicionar “atrás”. Ou você escolhe um ou outro: Há muito tempo... Tempos atrás... Há dez anos... Dez anos atrás.

6. “Então, pegou ele pela gola.” Quando for necessário que um pronome seja objeto direto (pegou algo: ele), nunca coloque pronome pessoal, opte pelo caso oblíquo átono (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, se, os, as, lhes): Pegou-o, avisou-o, apresentei-a, levou-nos, ama-me, leva-nos.

7. Aonde você estava? “Aonde” indica ideia de movimento, enquanto “onde” refere-se somente a lugar. Portanto: Onde você estava? E Aonde nós vamos agora?

8. “A situação vinha de encontro ao que ele desejava.” Se é uma situação que a pessoa desejava, será: ao encontro de, expressão que designa favorecimento, estar de acordo. Já a locução “de encontro a” tem sentido de oposição, de choque: Ele foi de encontro ao poste.

9. “Esse ano vamos fazer diferente.” Se é o ano vigente, então use o pronome “este”, uma vez que indica proximidade: Esta sala de aula, esta semana está sendo ótima, este dia vai ser abençoado, este ano está sendo o melhor de todos, esta noite veremos estrelas.

10. O verbo “adequar” é defectivo, isso quer dizer que não é conjugado de todas as formas. Assim: Isso não se adéqua... Ele não se adéqua... Eu não me adéquo... são orações equivocadas. Outros verbos também passam por este tipo de problema, como: abolir, banir, colorir, demolir, feder, latir. O verbo adequar é correto e usado com mais frequência nos modos infinitivo (adequar) e particípio (adequado).


Por Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

http://www.brasilescola.com

domingo, 4 de outubro de 2009

Como fazer um trabalho escolar ?

Preparativos iniciais. Antes de se municiar com enciclopédias e livros, é interessante saber quais aspectos do tema serão tratados. Um jeito de definir isso é fazer uma lista de todos os pontos possíveis de ser abordados. A partir daí, é só selecionar os tópicos realmente importantes para desenvolve-los.

Cercar o tema. Todo assunto pode ser investigado por vários ângulos e, por maior que seja o esforço, não dá para abordar tudo de uma vez. Normalmente, quando os professores pedem um trabalho, eles já dão uma "cercada" no tema, para facilitar a vida dos alunos. Mas se isso não acontecer, não se desespere. Delimitar um tema de pesquisa não é um bicho-de-sete-cabeças. Para isso, comece listando no papel todos os pontos possíveis de ser abordados, já com as informações que você tem sobre o assunto. Depois escolha aqueles que realmente devem ser desenvolvidos. Esse é um exercício muito interessante, porque as questões levantadas servirão como um pré-roteiro na hora de encaminhar a pesquisa e, depois, de elaborar o texto.

Quer um exemplo?

Se o trabalho é sobre a região Sudeste, você pode começar listando os estados que integram a região. A partir daí, considerar semelhanças e diferenças entre cada estado nos aspectos econômico, social, político ou cultural. Quando falamos em economia, quais as principais atividades da região? Existe predominância rural ou urbana? Quais as maiores cidades? Como é a distribuição de renda? Se pensarmos nos aspectos sociais, qual é a escolaridade da população? E o acesso a museus, bibliotecas e outros bens culturais? Como estão as taxas de natalidade e de mortalidade e o que isso representa?

 Esse primeiro levantamento de questões deve ser o mais amplo possível, para depois ser reduzido a aspectos realmente fundamentais, que serão pesquisados em profundidade.

Reunir informações. Com o tema delimitado, é hora de arregaçar as mangas e recolher informações em livros e artigos acessíveis e fáceis de consultar, como manuais didáticos, enciclopédias gerais ou especializadas, revistas, jornais e também na internet. Dependendo do assunto, é possível reunir uma boa variedade de material de pesquisa, abordando os diferentes aspectos do trabalho. Aí vem o momento de pânico: como ler tudo isso? Não perca tempo! Escolha as fontes que parecem mais interessantes e ricas em informações e comece a destrinchá-las.

Dica importante!

Para trabalhar com material encontrado na internet, imprima ou faça download dos textos que parecerem realmente úteis. Dessa forma, você não precisa ficar muito tempo conectado a seu provedor.

Leitura e entendimento-

Agora que você já sabe o que e onde pesquisar, vem um passo importante: a leitura e compreensão do material recolhido e seus apontamentos, que mais tarde servirão como base para o texto final. Uma dica: reserve um caderno para escrever todas as suas observações e resumos. Folhas soltas são mais fáceis para anotar, mas também mais fáceis de perder.-

Atenção e organização. Antes de começar a leitura do material, decida qual a melhor maneira de organizar a informação que será coletada. Você pode, por exemplo, fazer anotações em um caderno – sempre tendo o cuidado de indicar onde leu determinada informação. Se preferir sublinhar as partes mais importantes no próprio texto, não esqueça de tirar cópias do material – nada de riscar ou escrever em livros e enciclopédias, principalmente quando eles foram tomados por empréstimo. Para entender bem o conteúdo de um texto, é interessante fazer mais de uma leitura.

Assim, vá em frente: leia cada um dos textos uma vez, prestando bastante atenção àquilo que eles dizem. Depois, faça segunda leitura e, então, vá anotando ou sublinhando todas as informações que considerar relevantes para seu trabalho.

Dica importante!

Se você estiver sublinhando um texto, faça breves anotações ao lado (com uma ou duas palavras, no máximo). No final da leitura, isso o ajudará a localizar as idéias que melhor se encaixam em seu tema de trabalho.

Dessa maneira, você não corre o risco de se perder em meio a uma quantidade muito grande de textos sublinhados.

Preparação do texto final. Agora que você já tem tanto na memória quanto nas anotações uma grande quantidade de informações sobre o tema pesquisado, aproveite para fazer um roteiro de como será seu texto final.

Vamos ver um exemplo?

1-Em uma pesquisa sobre água, começaríamos por apresentá-la como um líquido vital para os seres vivos no planeta, lembrando que se trata de um recurso natural cada vez mais escasso.

2-Em seguida, destacaríamos os ciclos da água e as regiões da Terra onde há maior abundância e escassez do líquido.

3-Em um capítulo à parte, poderíamos discutir a situação da água no Brasil, lembrando que há regiões com água em profusão, como a Amazônia, e outras que estão muito próximas da desertificação, como é o caso de diversas áreas da caatinga nordestina.

4-Para encerrar, mostraríamos uma ou duas iniciativas bem-sucedidas de aproveitamento e economia da água doce existente.

Com o roteiro feito, você está preparado para a etapa final: a redação do trabalho.

A redação final

A idéia é não simplesmente copiar o material, mas escrever com suas palavras o que entendeu dos textos analisados. Parece difícil? Pois saiba que redigir um texto sobre um assunto que era quase desconhecido pode ser fascinante. Só assim você vai perceber quanta coisa aprendeu em tão pouco tempo!-

Coesão e coerência. A partir do roteiro, tente alinhavar todas as anotações feitas anteriormente, reescrevendo-as com suas palavras e encaixando-as nos itens que você se propõe a desenvolver. Lembre-se: em um trabalho bem-feito, os textos são bem encadeados e os conteúdos, relacionados. Não perca tempo escrevendo coisas que estão além do que foi proposto – aquilo que chamamos "fugir do tema". Depois de tudo escrito, faça um balanço do material, verificando se a redação final está compreensível e bem encadeada, se você já escreveu tudo o que sabe e acha importante sobre o tema ou se ainda falta alguma coisa.

Atenção!

Caso você conclua que o trabalho está incompleto, volte às fontes de pesquisa e procure mais material para completá-lo. Se estiver satisfeito, não considere o trabalho encerrado antes de uma última leitura. Assim você poderá identificar as frases mal-escritas que precisam ser refeitas e substituir palavras que se repetem muitas vezes – e que deixam o texto feio – ou que estejam erradas.

Arremates finais. Quando você estiver satisfeito com o resultado do texto, vale caprichar também na apresentação. Dê um título bem expressivo para seu trabalho e organize a bibliografia. A bibliografia deve incluir os dados sobre todo o material que você utilizou para desenvolver a pesquisa, incluindo endereços dos sites consultados na internet.

Faça a bibliografia. Se você estivesse redigindo uma tese, teria de seguir normas rígidas para indicação bibliográfica de livros, capítulos de livros e artigos de revistas e jornais. Para seu trabalho escolar, no entanto, algumas normas básicas são o suficiente:

-Livros: comece citando o título da obra, siga com o nome do autor ou autores, identifique a editora que a publicou e a data de publicação.

-Capítulos de livros: a citação começa com o título do capítulo utilizado – escrito em itálico ou entre aspas, se você estiver redigindo à mão – e siga com todas as informações requeridas pelas indicações bibliográficas de livros.

-Artigos de revistas e jornais: escreva os títulos dos artigos (como os capítulos dos livros), os nomes das publicações, números das edições e as datas de publicação.

Fácil, não é?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Velocidade Máxima, de Martha Medereiros

              Você está cansado de saber que hoje em dia não basta ter conhecimento: é preciso ser rápido. Rápido na tomada de decisões, no trato da informação, na geração de novas idéias (e na sua transformação em novos centros de receita), no desenvolvimento da própria carreira. Tornou-se imprescindível pensar rápido, agir rápido, ter um computador supersônico. No mundo dos negócios, não existe um código nacional de trânsito que limite a velocidade dos executivos. Se houvesse, recomendaria: corra. Multa, só para os lentos.

              Os devagar-quase-parando não se estressam para assumir um posto de comando. Sua motivação não está em conquistar prêmios ou um bônus mais polpudo. Não fazem hora extra e, se puderem escapar de uma reunião, tanto melhor. Passam os fins de semana na praia com o celular desligado. Encontram tempo para ver os filhos e os filmes em cartaz. Estão em casa na hora do Jornal Nacional.
               Voltar à caverna, no entanto, está sendo considerado uma atitude moderna. Ao menos é o que prega há anos o sociólogo napolitano Domenico De Masi, que viaja pelo mundo dando palestras que enaltecem as virtudes do ócio criativo. De Masi acredita que trabalhar 10 horas por dia aniquila a criatividade e que todos deveriam cortar pela metade sua carga horária, aproveitando o resto do tempo para fazer qualquer coisa longe das tarefas cotidianas do escritório. Vale bungee jump, vale meditação, vale ouvir Beatles.
               Há quem pense que essa desaceleração é zen-budista demais para quem tem metas concretas como comprar e vender ações na Bolsa de Nova York ou virar presidente de empresa antes dos 40 anos. Mas não há como negar que a inteligência e a cultura são, cada vez mais, os combustíveis que geram novos negócios e determinam a própria ascensão de um profissional. E nenhum dos fatores precisa do horário comercial para ser ativado. Podem estar em combustão durante um mergulho no mar, durante a leitura de um poema, durante uma cavalgada ecológica, talvez até durante o sexo. Durante é exagero. Depois do sexo.
               O conceito de velocidade anda cada vez mais flexível. Para alguns, ser ligeiro significa ultrapassar os ponteiros do relógio, executar um projeto a cada minuto, agendar reuniões, ler apenas livros técnicos, só fazer contatos que sejam política ou economicamente rentáveis e sentir uma culpa tremenda nos coffe breaks, como se parar fosse sinônimo de regredir.
               Outros acreditam que manter um ritmo comedido pode realmente fazer o trabalho render mais. São pessoas que não têm pressa de subir pelo elevador, por exemplo. Preferem subir pela escada, exercitando as pernas e a imaginação, ou jogando conversa fora com um desconhecido. Não tem a pressa de apresentar pareceres e pontos de vista em 60 segundos. Ao contrário, dedicam seu tempo a escutar os pontos de vista alheios. Não têm a pressa de engolir um sanduíche em pé no escritório; reservar um tempo para fazer da gastronomia um hobby. Sem pressa, eles não pegam atalhos: procuram caminhos com paisagem e assim não sofrem com taquicardias e infartos. O estresse envelhece antes da hora. Inclusive as idéias.
               O mundo se apresenta hoje como uma auto-estrada alemã, livre de radares patrulhando a velocidade, onde quem tem mais potência e tecnologia pisa mais fundo, sem olhar para os lados. Você há de concordar que é tenso. Tirando levemente o pé do acelerador, o coração acalma e os olhos percebem melhor o que há nas laterais da pista. Pode-se trocar de música, ajeitar o retrovisor, prestar atenção no que diz o companheiro de viagem. Ou parar e provar uma fruta na beira da estrada. Faz-se tudo correndo muito menos risco de sofrer acidentes e chegando ao destino do mesmo jeito. Na moda, costuma-se dizer que “menos é mais”. Não é uma frase que se aplique literalmente ao mundo dos negócios. Mas sou obrigada a concordar com De Mais: a velocidade máxima permitida para vencer é aquela que não nos deixa esquecer que, além da estrada, existe um troço chamado vida, sem a qual não faz o menor sentido chegar lá.

(Artigo de Martha Medeiros para a revista Exame, edição de 15/12/1999)

Conceitos e Noções Gerais de Dissertação

O texto dissertativo cumpre a função de discutir um tema de forma mais objetiva, sem a utilização de figuras (ou apresentando poucas figuras). O assunto é exposto de maneira direta e não há a progressão temporal observada no texto narrativo, mas uma progressão lógica. O texto dissertativo procura fazer uma generalização, por oposição ao texto dissertativo; quando há a menção a um ser, é para que dele se retire uma característica observada em todos os seres. O texto científico é um bom exemplo disso, o objetivo é extrair do particular um fenômeno que sirva para todas as espécies.
Eis as características do texto dissertativo:

  • progressão lógica;


  • generaliza o ser;


  • texto temático.

Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. A primeira tem como objetivo expor, explicar ou interpretar idéias; a segunda procura persuadir o leitor ou ouvinte de que determinada tese deve ser acatada. Na dissertação argumentativa, além disso, tentamos, explicitamente, formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco.
Na dissertação expositiva, podemos explanar sem combater idéias de que discordamos. Por exemplo, um professor de História pode fazer uma explicação sobre os modos de produção, aparentando impessoalidade, sem tentar convencer seus alunos das vantagens das vantagens e desvantagens deles. Mas, se ao contrário, ele fizer uma explanação com o propósito claro de formar opinião dos seus alunos, mostrando as inconveniências de determinado sistema e valorizando um outro, esse professor estará argumentando explicitamente.
Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca”estéril. As provas, por sua vez, servem para reforçar os argumntos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos-exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.

Como fazer uma dissertação argumentativa ?

Como fazer nossas dissertações? Como expor com clareza nosso ponto de vista? Como argumentar coerentemente e validamente? Como organizar a estrutura lógica de nosso texto, com introdução, desenvolvimento e conclusão?

Vamos supor que o tema proposta seja: Nenhum homem é uma ilha.
Primeiro, precisamos entender o tema. Ilha, naturalmente, está em sentido figurado, significando solidão, isolamento.

Vamos sugerir alguns passos para a elaboração do rascunho de sua redação.

1. Transforme o tema em uma pergunta:  Nenhum homem é uma ilha?

2. Procure responder essa pergunta, de um modo simples e claro, concordando ou discordando (ou, ainda, concordando em parte e discordando em parte): essa resposta é o seu ponto de vista.

3. Pergunte a você mesmo, o porquê de sua resposta, uma causa, um motivo, uma razão para justificar sua posição: aí estará o seu argumento principal.

 4. Agora, procure descobrir outros motivos que ajudem a defender o seu ponto de vista, a fundamentar sua posição. Estes serão argumentos auxiliares.

 5.Em seguida, procure algum fato que sirva de exemplo para reforçar a sua posição. Este fato-exemplo pode vir de sua memória visual, das coisas que você ouviu, do que você leu. Pode ser um fato da vida política, econômica, social. Pode ser um fato histórico. Ele precisa ser bastante expressivo e coerente com o seu ponto de vista. O fato-exemplo, geralmente, dá força e clareza à nossa argumentação. Esclarece a nossa opinião, fortalece os nossos argumentos. Além disso, pessoaliza o nosso texto, diferencia o nosso texto: como ele nasce da experiência de vida, ele dá uma marca pessoal à dissertação.

 6. A partir desses elementos, procure juntá-los num texto, que é o rascunho de sua redação. Por enquanto, você pode agrupá-los na seqüência que foi sugerida:

 
Os passos

1) interrogar o tema;
2) responder, com a opinião
3) apresentar argumento básico
4) apresentar argumentos auxiliares
5) apresentar fato- exemplo
6) concluir

Como ficaria o esquema ?

1º parágrafo: a tese
2º parágrafo: argumento 1
3º parágrafo: argumento 2
4º parágrafo: fato-exemplo
5º parágrafo: conclusão

Exemplo de redação com esse esquema:
Tema: Como encarar a questão do erro
Título: Buscar o sucesso
Tese

1º§ O homem nunca pôde conhecer acer-tos sem lidar com seus erros.
Argumentação

2º§ O erro pressupõe a falta de conheci-mento ou experiência, a deficiência de sintonia entre o que se propõe a fazer e os meios para a realização do ato. Deriva-se de inúmeras causas, que incluem tanto a falta de informação, como a inabilidade em lidar com elas.

3º§ Já acertar, obter sucesso, constitui-se na exata coordenação entre informação e execu-ção de qualquer atividade. É o alinhamento preci-so entre o que fazer e como fazer, sendo esses dois pontos indispensáveis e inseparáveis.

Fato-exemplo
4º§ Como atingir o acento? A experiência é fundamental e, na maior das vezes, é alicerçada em erros anteriores, que ensinarão os caminhos para que cada experiência ruim não mais ocorra. Assim, um jovem que presta seu primeiro vesti-bular e fracassa pode, a partir do erro, descobrir seus pontos falhos e, aos poucos, aliar seus co-nhecimentos à capacidade de enfrentar uma situa-ção de nova prova e pressão. Esse mesmo jovem, no mercado de trabalho, poderá estar envolvido em situações semelhantes: seus momentos de fracasso estimularão sua criatividade e maior em-penho, o que fatalmente levará a posteriores acertos fundamentais em seu trabalho.

Conclusão
5º§ Assim, o aparecimento dos erros nos atos humanos é inevitável. Porém, é preciso, aci-ma de tudo, saber lidar com eles, conscientizar-se de cada ato falho e tomá-los como desafio, nunca se conformando, sempre buscando a superação e o sucesso. Antes do alcance da luz, será sempre preciso percorrer o túnel.

(Redação de aluno.)

(in Novo Manual da Nova Cultural - Redação, Gramática, Literatura e Interpretação de Textos, de Emília Amaral e outros)  Disponível: http://www.portaldasletras.com.br/

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A clareza no texto

Todo ato efetivo de comunicação depende da clareza. Para obtê-la, é necessário ficar atento à:
  1. utilização de termos precisos, que especifiquem corretamente seres, fatos, circunstâncias, espaço;
  2. posição adequada das palavras na frase;
  3. posição adequada das frases no texto;
  4. pontuação correta.
O emprego incorreto de um ou alguns desses itens pode contribuir para que o texto fique vago ou ambíguo.
Vejamos a ambiguidade.
Leia a frase abaixo e observe o que causou a ambiguidade:
O candidato conversou com o presidente e saiu em defesa de seu partido. (texto de aluno)
Essa frase está ambígua, pois não se sabe se o pronome seu refere-se ao candidato ou ao presidente.
Outro exemplo:
Uma biópsia do tumor retirado do pâncreas do imperador Hiroíto (...) mostrou que ele não era maligno. (Folha de S. Paulo)
Para evitar a ambiguidade, observe se a relação entre cada palavra do seu texto está correta. Uma providência muito simples geralmente permite eliminar o problema: a releitura do texto. Nunca deixe de reler o texto que você produziu, antes de entregá-lo para leitura ou correção.
Mas nem sempre a ambiguidade é um defeito.
A ambiguidade, que pode causar problemas de comunicação, é um recurso propositalmente utilizado em alguns casos, como nas anedotas.
FARACO. Carlos E.; MOURA, Francisco M. Língua e Literatura. 29ª Edição. São Paulo: Editora Ática, Vol 2, 1997. pág. 252.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Narração

A narração tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se numa evolução de acontecimentos mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo real. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais.
A narrativa pode ser em primeira pessoa ou terceira pessoa, dependendo do papel que o narrador assuma em relação à história. Numa narrativa em primeira pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados, mesmo que não seja a personagem principal (narrador=personagem). Já a narrativa em terceira pessoa traz o narrador como um observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de personagens do texto (narrador = observador).
O bom autor toma partido das duas opções de posicionamento para o narrador, a fim de criar uma história mais ou menos parcial, comprometida. Por exemplo, Machado de Assis, o escrever Dom Casmurro, optou pela narrativa em primeira pessoa, justamente para apresentar-nos os fatos segundo um ponto de vista interno, portanto mais parcial e subjetivo.
Ao criar um texto narrativo, deve-se ter em mente seis questões a serem respondidas:
  1. O quê? - trata-se do assunto, do episódio central;
  2. Por quê? Explicam-se as causas do corrido;
  3. Quando? É preciso detalhar o tempo, a época do ocorrido; isto não significa necessariamente a ata específica, e sim qual a sequência das ações;
  4. Onde? O lugar ou os lugares em que se passa a história;
  5. Quem? Os personagens envolvido;
  6. Como? Aqui, pode-se entender de que modo ocorreu a história, de que modo enredaram-se as situações; ou ainda, como a história é/foi contada;

domingo, 16 de agosto de 2009

A descrição

A descrição é um retrato que se faz de um objeto, pessoa, lugar ou situação. Esse retrato pode ser físico, psicológico ou social.
No texto narrativo, a descrição serve para que o leitor possa ter uma imagem mental do ser, já que há ausência do visual. Serve, também, para que o leitor tenha uma maior intimidade com as personagens e com os lugares.
Nos textos dissertativos, ela pode funcionar como estratégia argumentativa, na medida em que, ao descrever um objeto ou conceito, tem-se como objetivo caracterizá-lo para persuadir o leitor da validade.
Nas passagens puramente descritivas, não há a progressão temporal, é como se o tempo permanecesse estático, os dados são simultâneos. Como não há o movimento, os verbos utilizados são os que indicam estado, os verbos de ligação.
" A casa que se erguia além do gramado era uma estrutura que merecia tal consideração e era o objeto mais característico."
Não havendo a progressão temporal, não haverá mudanças de estado. Os tempos verbais próprios utilizados são o presente do indicativo e o pretérito do indicativo.
"Erguia-se sobre uma colina baixa, acima do rio - sendo este o Tâmisa, a cerca de 65 quilômetros de Londres."
A descrição particulariza o ser, não se fala "de ser humano", mas "do ser humano", de alguém em específico. Para isso, faz-se o de adjetivos, que em uma oração são usados para modificar o substantivo particularizando-o. Uma casa para que seja diferenciada de outros seres ou das demais deve ser detalhada. Uma descrição genérica pouco contribui na caracterização do objeto.
Na ausência de um adjetivo utiliza-se as comparações.
Resumindo, a descrição possui as seguintes características:
  1. é um retrato físico, social ou psicológico;
  2. não há progressão temporal ;
  3. não há mudança de estado - uso dos tempos verbais presente do indicativo e pretérito do indicativo;
  4. Os dados são simultâneos - uso dos verbos de ligação;
  5. particulariza o ser - uso de adjetivos e comparações.

Fonte:

Apostila de Interpretação de Texto - Sistema de Ensino Poliedro

MELO, Luiz Roberto D. de. PAGNAN, Celso Leopoldo. Prática de Texto: Leitura e Redação.Ed., revista e ampliada. São Paulo: Editora W3, 2000.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Comunicação

Sendo o ser humano social, relaciona-se de modo interdependente com os indivíduos do grupo em que vive. A convivência realiza-se pela comunicação, que pode ser gestual, oral ou escrita. A eficácia determina a escolha da modalidade de qu se utiliza; por vezes, combinam-se duas ou mais formas de comunicação.

Os elementos são:

em que, por algum meio, alguém (emissor) comunica algo (mensagem) a outra pessoa (receptor) e observa as reações desta pessoa (é o retorno) para perceber a eficácia de sua comunicação.

O emissor deve ter habilidades cominicativas para enviar a mensagem ao seu interlocutor, seja na expressão oral (no conteúdo), com idéias claras; na forma, com articulação adequada, ritmo, volume de voz, elocução acompanhada de gesticulação pertinente), seja na expressão escrita (com domínio do assunto, com clareza e correção na organização das idéias e das frases).

O emissor deve levar em conta a capacidade de entendimento de seu receptor e regular o modo de expressar-se. Não se fala, sobre o mesmo asunto, da mesma forma com uma criança e com um adulto; com um ignorante e com um conhecedor do assunto.

Alguém, para ser um bom receptor, deve ter atenção auditiva dirigida para o emissor, concentrando-se em ouvir bem o que lhe é dito. Como leitor, deve ler o texto sem se deixar distrair por aquilo que perturba a atenção e desvia a mente do texto. Se há dificuldades de compreensão, elia sublinhando as palavras que não tenha entendido. Procure o significado no dicionário - não tente se enganar: só com pesquisa em dicionário seu vocabulário se amplia. Faça uma segunda leitura após o esclarecimento da significação dos vocábulos.

É amplo o significado de meio. Podemos entender como ambiente em que se dá a comunicação, bem como a via, o caminho, os canais que ligam o emissor ao receptor na transmissão de mensagem, oral ou escrita: jornais, rádio, cinema, televisão, internet,...

Cada meio de comunicação tem características próprias que o tornam mais eficiente. Procure verificar qual deve ser usado em determinado momento e lugar.

A mensagem deve ser adequada ao conjunto todo dos elementos de comunicação, tanto no conteúdo quanto na forma que se expressa por determinado meio para melhor atingir o receptor.

Ter idéias, entender o assunto de pouco lhe adianta se não souber como comunicar seus conhecimentos. Tanto isto vale na sua vida social quanto na profissional. Você terá mais facilidade de convivência e mais prestígio se souber comunicar bem, falando ou escrevendo.

NADÓLSKIS, Hêndricas. Comunicação Redacional Atualizada. São Paulo: Instituto Brasileiro de Edições Pedagógicas, 1999. p.83.

terça-feira, 28 de julho de 2009

O que é um texto?

O que é um texto? Frases, sentidos, ideias, argumentos, paragráfos,....
Um texto nada mais é que uma unidade de sentido, constituída por partes formando um todo.
a) O texto não é um aglomerado de frases. Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam.
b) Todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla. Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer; cada texto revela a visão de mundo de quem o produz.

Mas como inicio? Qual é o ponto de partida?
Há duas questões fundamentais:
O que escrever? - O primeiro passo é ter uma ideia, informações, dados, enfim, conhecimentos mais específicos.
Como escrever? - Encontrar a melhor forma de expressar as ideias: vocabulário, ortografia, pontuação, concordância e outros requisitos gramaticais.
O que caracteriza o produto final?
O produto final deverá ser um texto caracterizado por:
  1. Correção: obediência às normas gramaticais.
  2. Concisão: ato de ser conciso, sintético, objetivo. A interpretação não pode variar de pessoa para pessoa nem depender das circunstâncias em que se utilize o vocabulário.
  3. Clareza: o texto deve ser exato e objetivo.
  4. Simplicidade.
  5. Universalidade: todos devem compreender da mesma maneira o conteúdo semântico dos termos.
Coerência: Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, ilógico e contraditório.
Coesão textual: É a ligação interna entre os vários enunciados presentes no texto. A coesão de um texto estabelece as relações de sentido que exitem entre eles. Para criar essa relações, fazemos uso por uma certa categoria de palavras, as quais são chamadas de conectivos ou elementos de coesão:
- preposições: a, de, para, com, por, etc.;
- conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc.;
- pronomes: ela, ele, seu, sua, este, esta, aquele, o, o qual, cujo, etc.;
- advérbios: aqui, aí, lá, assim, etc.;
O uso correto desses elementos de coesão forma uma unidade ao texto e contribui para a expressão clara das ideias.
A escolha do conectivo adequado é importante, já que é ele que determina a direção que se pretende dar ao texto.
Progressão discursiva: A construção de um texto pressupõe que os segmentos se sucedam numa progressão constante, isto é, que cada segmento que ocorre no percurso deve ir acrescentando informações novas aos enunciados anteriores. Muitas vezes, num texto, repetem-se com outras palavras as mesmas ideias. A redundância viciosa, isto é, aquela que não traz nada de novo, desqualifica o texto, pois revela falta de reflexão e de domínio sobre o que está sendo dito, além de probreza de ideias.