Frase do dia

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Concordância Nominal

Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo.

Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.
Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal.

REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.

CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.

a) Um adjetivo após vários substantivos

1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.

- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.

2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Ela tem pai e mãe louros.

- Ela tem pai e mãe loura.

3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural.

- O homem e o menino estavam perdidos.

- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.



b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos

1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo.

Comi delicioso almoço e sobremesa.

Provei deliciosa fruta e suco.

2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural.

Estavam feridos o pai e os filhos.

Estava ferido o pai e os filhos.


c) Um substantivo e mais de um adjetivo

1- antecede todos os adjetivos com um artigo.

Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.

2- coloca o substantivo no plural.

Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.


d) Pronomes de tratamento

1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.

Vossa santidade esteve no Brasil.


e) Anexo, incluso, próprio, obrigado

1 - Concordam com o substantivo a que se referem.

As cartas estão anexas.

A bebida está inclusa.

Precisamos de nomes próprios.

Obrigado, disse o rapaz.



f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)

1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural.

Renato advogou um e outro caso fáceis.

Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.


g) É bom, é necessário, é proibido

1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante.

Canja é bom. / A canja é boa.

É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.

É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.


h) Muito, pouco, caro

1- Como adjetivos: seguem a regra geral.

Comi muitas frutas durante a viagem.

Pouco arroz é suficiente para mim.

Comprei caro os sapatos.



2- Como advérbios: são invariáveis.

Comi muito durante a viagem.

Pouco lutei, por isso perdi a batalha.

Os sapatos estavam caros.



i) Mesmo, bastante

1- Como advérbios: invariáveis

Preciso mesmo da sua ajuda.

Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

2- Como pronomes: seguem a regra geral.

Seus argumentos foram bastantes para me convencer.

Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.



j) Menos, alerta

1- Em todas as ocasiões são invariáveis.

Preciso de menos comida para perder peso.

Estamos alerta para com suas chamadas.



k) Tal Qual

1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.

As garotas são vaidosas tais qual a tia.

Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.



l) Possível

1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.

A mais possível das alternativas é a que você expôs.

Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.

Os piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.



m) Meio

1- Como advérbio: invariável.

Estou meio insegura.

2- Como numeral: segue a regra geral.

Comi meia laranja pela manhã.



n) Só

1- apenas, somente (advérbio): invariável.

Só consegui comprar uma passagem.

2- sozinho (adjetivo): variável.

Estiveram sós durante horas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O que é um revisor de textos?

" O revisor se define não por seus conhecimentos, mas por seu perfil psíquico. A revisão é mais que uma profissão é uma neurose. Esta neurose se caracteriza como uma espécie de sacrifício consentido (desejado) pelo revisor; é um tributo à saúde (qualidade) da edição. (...) Para o revisor, o importante não é o que ele sabe, mas o que ele está consciente de não saber ou, pelo menos, não saber totalmente, e que por isso exige permanente verificação. (...) O exercício da profissão do revisor pode ser descrito, perfeitamente, como uma 'leitura angustiada'. O seu trabalho é, justamente, evitar que todos os outros seres humanos necessitem fazer essa leitura angustiada."
BRISSAUD, Sophie. La lecture angoissée ou la mort du correcteur. Cahiers Gutenberg n.°31 - déc. 1998. Tradução de Sandra Baldessin. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revisor_de_textos
* Tela: "Leitura", de Renoir
A revisão de textos é primordial na elaboração de documentos, sejam eles trabalhos académicos, textos literários e jornalísticos, materiais publicitários, textos para sites ...
Este cuidado demonstra um respeito ao leitor e assegura que as informações presentes no texto estão claras e bem estruturadas.
Logo, todo tipo de texto merece uma revisão atenta.

  • Materiais publicitários (fôlderes, flyers, entre outros)


  • Catálogos, revistas, jornais


  • Textos acadêmicos (monografias, dissertações, teses, artigos)


  • Livros


  • Livros didáticos


  • Textos técnicos, manuais etc.


  • Textos comerciais, contratos etc.


  • Sites, blogs


  • Pequenos textos em geral, impressos ou divulgados na internet

Nós, da Revisão de Textos, temos o compromisso de:

  • zelar pela qualidade do nosso trabalho;


  • obedecer o prazo de entrega, conforme combinado;


  • e garantir um preço justo.

Faça seu orçamento conosco!


Nossos preços:
Os valores são por laudas* (1250 caracteres):
  • Revisão Técnica* - Entre R$ 5,00 e R$9,00 a lauda.
  • Orientação de texto* - Entre R$ 10,00 e R$ 15,00 a lauda.
  • Impressão em preto (laser) - Entre R$ 0,10 e R$ 0,15 a página.
  • Impressão Colorida (jato de tinta) - Entre R$ 1,20 e R$ 1,50 a página.
  • Encadernação (espiral) - R$ 4,00
Forma de Pagamento - Depósito Bancário
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*Como Calcular o número de laudas: Para o cálculo do número de laudas, são utilizadas as ferramentas de contagem de palavras do editor de textos. Abra o documento no Microsoft Word e, em "Ferramentas", selecione "Contar Palavras". Localize o número indicado em "Caracteres com espaços" e o divida por 1250. O valor obtido corresponde ao número de laudas (o qual nem sempre é o mesmo número de páginas do documento).

*Revisão Técnica : É a correção ortográfica e gramatical. Dá clareza ao texto, eliminando repetições, vícios de linguagem, proporcionando uma melhor organização para as ideias. Em trabalhos acadêmicos, fazemos também a revisão das normas da ABNT.


* Orientação de Texto: Na orientação de texto, além da revisão técnica, são apresentadas sugestões para uma melhor composição do texto, de acordo com o conteúdo e estilo propostos. É uma revisão mais ampla, devido a isso, requer mais tempo de trabalho.


Conjunção e Preposição

Conjunção: É a palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou coordenação). As conjunções classificam-se em:


Coordenativas, aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos:

aditivas (adição): e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda;

adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não obstante, apesar disso;

alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer;

conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso;

explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto.


Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos:

causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que;

comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto, (mais ou menos +) que;

condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= se não), a menos que;

consecutivas (conseqüência, resultado, efeito): que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores de intensidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, sem que;

conformativas (conformidade, adequação): conforme, segundo, consoante, como;

concessiva: embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que;

temporais: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (= logo que), até que;

finais - a fim de que, para que, que;

proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (+ tanto menos);

integrantes - que, se.

As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é desempenhada por locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes.



Preposição: palavra que liga duas outras estabelecendo entre elas certas relações de sentido e de dependência. Exemplo: Carro de Marcos. / Iremos a Recife.

essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás;

acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição): afora, conforme (= de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, visto (= devido a, por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem).


Locução prepositiva: expressão formada por mais de uma palavra e que tem função de preposição. Exemplos: abaixo de, junto a.

sábado, 10 de outubro de 2009

A Bola, de Luis Fernando Verissimo

           O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

            O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando não gostam do presente ou não querem magoar o velho.
            Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
            - Como e que liga? - perguntou.
            - Como, como é que liga? Não se liga.
             O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
             - Não tem manual de instrução?
            O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
            - Não precisa manual de instrução.
            - O que é que ela faz?
            - Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
            - O quê?
            - Controla, chuta...
            - Ah, então é uma bola.
            - Claro que é uma bola.
            - Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
            - Você pensou que fosse o quê?
            - Nada, não.
            O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
           O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
           - Filho, olha.
           O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela.
           O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada.
           Talvez um manual de instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sexa, Luis Fernando Verissimo

- Pai........
- Hummmmm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
- O feminino de sexo.
- Não tem.
- Sexo não tem feminino?
- Não.
- Só tem sexo masculino?
- É.Quer dizer,não.Existem dois sexos.Masculino e Feminino.
- E como é o feminino de sexo?
- Não tem feminino.Sexo é sempre masculino.
- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
- O sexo pode ser masculino ou feminino.A palavra "SEXO" é masculina.O SEXO masculino,o SEXO feminino.
- Não devia ser "A SEXA"?
- Não.
- Por que não?
- Porque não!Desculpe.Porque não."SEXO" é sempre masculino.
- O sexo da mulher é masculino?
- É.Não!O sexo da mulher é feminino.
- E como é o feminino?
- Sexo mesmo.Igual ao do homem.
- O sexo da mulher é igual ao do homem?
- É.Quer dizer...Olha aqui.Tem o SEXO masculino e o SEXO feminino,certo?
- Certo.
- São duas coisas diferentes.
- Então como é o feminino de sexo?
- É igual ao masculino.
- Mas não são diferentes?
- Não.Ou,são!Mas a palavra é a mesma.Muda o sexo,mas não muda a palavra.
- Mas então não muda o sexo.É sempre masculino.
- A palavra é masculina .
- Não." A palavra" é feminino.Se fosse masculino seria "o pal..."
- Chega!Vai brincar ,vai.
O garoto sai e a mãe entra.O pai comenta:
-Temos que ficar de olho nesse guri...
- Por quê?
Ele só pensa em gramática.

(Do Livro:Comédias para se Ler na Escola)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

SENÃO E SE NÃO

Senão equivale a "caso contrario" ou "a não ser": É bom que ele colabore, senão não haverá como ajudá-lo. / Não fazia coisa alguma senão criticar.


Se não surge em orações condicionais. Equivale a "caso não": Se não houver aula, iremos ao cinema.

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. GRÁMATICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Scipione, 2003.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O Grande Mistério, Sérgio Porto

             Há dias já que buscavam uma explicação para os odores esquisitos que vinham da sala de visitas. Primeiro houve um erro de interpretação: o quase imperceptível cheiro foi tomado como sendo de camarão. No dia em que as pessoas da casa notaram que a sala fedia, havia um soufflé de camarão para o jantar. Daí...
             Mas comeu-se o camarão, que inclusive foi elogiado pelas visitas, jogaram as sobras na lata do lixo e — coisa estranha — no dia seguinte a sala cheirava pior.
            Talvez alguém não gostasse de camarão e, por cerimônia, embora isso não se use, jogasse a sua porção debaixo da mesa. Ventilada a hipótese, os empregados espiaram e encontraram apenas um pedaço de pão e uma boneca de perna quebrada, que Giselinha esquecera ali. E como ambos os achados eram inodoros, o mistério persistiu.
             Os patrões chamaram a arrumadeira às falas. Que era um absurdo, que não podia continuar, que isso, que aquilo. Tachada de desleixada, a arrumadeira caprichou na limpeza. Varreu tudo, espanou, esfregou e... nada. Vinte e quatro horas depois, a coisa continuava. Se modificação houvera, fora para um cheiro mais ativo.
            À noite, quando o dono da casa chegou, passou uma espinafração geral e, vitima da leitura dos jornais, que folheara no lotação, chegou até a citar a Constituição na defesa de seus interesses.
            — Se eu pago empregadas para lavar, passar, limpar, cozinhar, arrumar e ama-secar, tenho o direito de exigir alguma coisa. Não pretendo que a sala de visitas seja um jasmineiro, mas feder também não. Ou sai o cheiro ou saem os empregados.
           Reunida na cozinha, a criadagem confabulava. Os debates eram apaixonados, mas num ponto todos concordavam: ninguém tinha culpa. A sala estava um brinco; dava até gosto ver. Mas ver, somente, porque o cheiro era de morte.
           Então alguém propôs encerar. Quem sabe uma passada de cera no assoalho não iria melhorar a situação?
           -- Isso mesmo — aprovou a maioria, satisfeita por ter encontrado uma fórmula capaz de combater o mal que ameaçava seu salário.
          Pela manhã, ainda ninguém se levantara, e já a copeira e o chofer enceravam sofregamente, a quatro mãos. Quando os patrões desceram para o café, o assoalho brilhava. O cheiro da cera predominava, mas o misterioso odor, que há dias intrigava a todos, persistia, a uma respirada mais forte.
          Apenas uma questão de tempo. Com o passar das horas, o cheiro da cera — como era normal — diminuía, enquanto o outro, o misterioso — estranhamente, aumentava. Pouco a pouco reinaria novamente, para desespero geral de empregados e empregadores.
         A patroa, enfim, contrariando os seus hábitos, tomou uma atitude: desceu do alto do seu grã-finismo com as armas de que dispunha, e com tal espírito de sacrifício que resolveu gastar os seus perfumes. Quando ela anunciou que derramaria perfume francês no tapete, a arrumadeira comentou com a copeira:
         — Madame apelou para a ignorância.
         E salpicada que foi, a sala recendeu. A sorte estava lançada. Madame esbanjou suas essências com uma altivez digna de uma rainha a caminho do cadafalso. Seria o prestigio e a experiência de Carven, Patou, Fath, Schiaparelli, Balenciaga, Piguet e outros menores, contra a ignóbil catinga.
         Na hora do jantar a alegria era geral. Nas restavam dúvidas de que o cheiro enjoativo daquele coquetel de perfumes era impróprio para uma sala de visitas, mas ninguém poderia deixar de concordar que aquele era preferível ao outro, finalmente vencido.
         Mas eis que o patrão, a horas mortas, acordou com sede. Levantou-se cauteloso, para não acordar ninguém, e desceu as escadas, rumo à geladeira. Ia ainda a meio caminho quando sentiu que o exército de perfumistas franceses fora derrotado. O barulho que fez daria para acordar um quarteirão,quanto mais os da casa, os pobres moradores daquela casa, despertados violentamente , e que não precisavam perguntar nada para perceberem o que se passava. Bastou respirar.
        Hoje pela manhã, finalmente, após buscas desesperadas, uma das empregadas localizou o cheiro. Estava dentro de uma jarra, uma bela jarra, orgulho da família, pois tratava-se de peça raríssima, da dinastia Ming.
         Apertada pelo interrogatório paterno Giselinha confessou-se culpada e, na inocência dos seus 3 anos, prometeu não fazer mais.
         Não fazer mais na jarra, é lógico.

(Stanislaw Ponte Preta)

terça-feira, 6 de outubro de 2009

DEMAIS E DE MAIS

Demais pode ser advérbio de intensidade, com o sentido de "muito"; aparece intensificando verbos, adjetivos ou outros advérbios: Aborreceram-nos demais: isso nos deixou indignados demais.


Estou até bem demais!

Demais também pode ser pronome indefinido, equivalendo a "outros", "restantes": Não coma todo o pudim! Deixe um pouco para os demais.

De mais opõe-se a de menos. Refere-se sempre a um substantivo ou pronome: Não vejo nada de mais em sua atitude! / O concurso foi suspenso porque surgiram candidatos de mais.


CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. GRÁMATICA DA LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo: Scipione, 2003.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Ultimo soneto, de Alvares de Azevedo

Já da noite o palor me cobre o rosto,

Nos lábios meus o alento desfalece,
Surda agonia o coração fenece,
E devora meu ser mortal desgosto!

Do leito, embalde num macio encosto,
Tento o sono reter!... Já esmorece
O corpo exausto que o repouso esquece...
Eis o estado em que a mágoa me tem posto!

O adeus, o teu adeus, minha saudade,
Fazem que insano do viver me prive
E tenha os olhos meus na escuridade.

Dá-me a esperança com que o ser mantive!
Volve ao amante os olhos, por piedade,
Olhos por quem viveu quem já não vive!

domingo, 4 de outubro de 2009

Como fazer um trabalho escolar ?

Preparativos iniciais. Antes de se municiar com enciclopédias e livros, é interessante saber quais aspectos do tema serão tratados. Um jeito de definir isso é fazer uma lista de todos os pontos possíveis de ser abordados. A partir daí, é só selecionar os tópicos realmente importantes para desenvolve-los.

Cercar o tema. Todo assunto pode ser investigado por vários ângulos e, por maior que seja o esforço, não dá para abordar tudo de uma vez. Normalmente, quando os professores pedem um trabalho, eles já dão uma "cercada" no tema, para facilitar a vida dos alunos. Mas se isso não acontecer, não se desespere. Delimitar um tema de pesquisa não é um bicho-de-sete-cabeças. Para isso, comece listando no papel todos os pontos possíveis de ser abordados, já com as informações que você tem sobre o assunto. Depois escolha aqueles que realmente devem ser desenvolvidos. Esse é um exercício muito interessante, porque as questões levantadas servirão como um pré-roteiro na hora de encaminhar a pesquisa e, depois, de elaborar o texto.

Quer um exemplo?

Se o trabalho é sobre a região Sudeste, você pode começar listando os estados que integram a região. A partir daí, considerar semelhanças e diferenças entre cada estado nos aspectos econômico, social, político ou cultural. Quando falamos em economia, quais as principais atividades da região? Existe predominância rural ou urbana? Quais as maiores cidades? Como é a distribuição de renda? Se pensarmos nos aspectos sociais, qual é a escolaridade da população? E o acesso a museus, bibliotecas e outros bens culturais? Como estão as taxas de natalidade e de mortalidade e o que isso representa?

 Esse primeiro levantamento de questões deve ser o mais amplo possível, para depois ser reduzido a aspectos realmente fundamentais, que serão pesquisados em profundidade.

Reunir informações. Com o tema delimitado, é hora de arregaçar as mangas e recolher informações em livros e artigos acessíveis e fáceis de consultar, como manuais didáticos, enciclopédias gerais ou especializadas, revistas, jornais e também na internet. Dependendo do assunto, é possível reunir uma boa variedade de material de pesquisa, abordando os diferentes aspectos do trabalho. Aí vem o momento de pânico: como ler tudo isso? Não perca tempo! Escolha as fontes que parecem mais interessantes e ricas em informações e comece a destrinchá-las.

Dica importante!

Para trabalhar com material encontrado na internet, imprima ou faça download dos textos que parecerem realmente úteis. Dessa forma, você não precisa ficar muito tempo conectado a seu provedor.

Leitura e entendimento-

Agora que você já sabe o que e onde pesquisar, vem um passo importante: a leitura e compreensão do material recolhido e seus apontamentos, que mais tarde servirão como base para o texto final. Uma dica: reserve um caderno para escrever todas as suas observações e resumos. Folhas soltas são mais fáceis para anotar, mas também mais fáceis de perder.-

Atenção e organização. Antes de começar a leitura do material, decida qual a melhor maneira de organizar a informação que será coletada. Você pode, por exemplo, fazer anotações em um caderno – sempre tendo o cuidado de indicar onde leu determinada informação. Se preferir sublinhar as partes mais importantes no próprio texto, não esqueça de tirar cópias do material – nada de riscar ou escrever em livros e enciclopédias, principalmente quando eles foram tomados por empréstimo. Para entender bem o conteúdo de um texto, é interessante fazer mais de uma leitura.

Assim, vá em frente: leia cada um dos textos uma vez, prestando bastante atenção àquilo que eles dizem. Depois, faça segunda leitura e, então, vá anotando ou sublinhando todas as informações que considerar relevantes para seu trabalho.

Dica importante!

Se você estiver sublinhando um texto, faça breves anotações ao lado (com uma ou duas palavras, no máximo). No final da leitura, isso o ajudará a localizar as idéias que melhor se encaixam em seu tema de trabalho.

Dessa maneira, você não corre o risco de se perder em meio a uma quantidade muito grande de textos sublinhados.

Preparação do texto final. Agora que você já tem tanto na memória quanto nas anotações uma grande quantidade de informações sobre o tema pesquisado, aproveite para fazer um roteiro de como será seu texto final.

Vamos ver um exemplo?

1-Em uma pesquisa sobre água, começaríamos por apresentá-la como um líquido vital para os seres vivos no planeta, lembrando que se trata de um recurso natural cada vez mais escasso.

2-Em seguida, destacaríamos os ciclos da água e as regiões da Terra onde há maior abundância e escassez do líquido.

3-Em um capítulo à parte, poderíamos discutir a situação da água no Brasil, lembrando que há regiões com água em profusão, como a Amazônia, e outras que estão muito próximas da desertificação, como é o caso de diversas áreas da caatinga nordestina.

4-Para encerrar, mostraríamos uma ou duas iniciativas bem-sucedidas de aproveitamento e economia da água doce existente.

Com o roteiro feito, você está preparado para a etapa final: a redação do trabalho.

A redação final

A idéia é não simplesmente copiar o material, mas escrever com suas palavras o que entendeu dos textos analisados. Parece difícil? Pois saiba que redigir um texto sobre um assunto que era quase desconhecido pode ser fascinante. Só assim você vai perceber quanta coisa aprendeu em tão pouco tempo!-

Coesão e coerência. A partir do roteiro, tente alinhavar todas as anotações feitas anteriormente, reescrevendo-as com suas palavras e encaixando-as nos itens que você se propõe a desenvolver. Lembre-se: em um trabalho bem-feito, os textos são bem encadeados e os conteúdos, relacionados. Não perca tempo escrevendo coisas que estão além do que foi proposto – aquilo que chamamos "fugir do tema". Depois de tudo escrito, faça um balanço do material, verificando se a redação final está compreensível e bem encadeada, se você já escreveu tudo o que sabe e acha importante sobre o tema ou se ainda falta alguma coisa.

Atenção!

Caso você conclua que o trabalho está incompleto, volte às fontes de pesquisa e procure mais material para completá-lo. Se estiver satisfeito, não considere o trabalho encerrado antes de uma última leitura. Assim você poderá identificar as frases mal-escritas que precisam ser refeitas e substituir palavras que se repetem muitas vezes – e que deixam o texto feio – ou que estejam erradas.

Arremates finais. Quando você estiver satisfeito com o resultado do texto, vale caprichar também na apresentação. Dê um título bem expressivo para seu trabalho e organize a bibliografia. A bibliografia deve incluir os dados sobre todo o material que você utilizou para desenvolver a pesquisa, incluindo endereços dos sites consultados na internet.

Faça a bibliografia. Se você estivesse redigindo uma tese, teria de seguir normas rígidas para indicação bibliográfica de livros, capítulos de livros e artigos de revistas e jornais. Para seu trabalho escolar, no entanto, algumas normas básicas são o suficiente:

-Livros: comece citando o título da obra, siga com o nome do autor ou autores, identifique a editora que a publicou e a data de publicação.

-Capítulos de livros: a citação começa com o título do capítulo utilizado – escrito em itálico ou entre aspas, se você estiver redigindo à mão – e siga com todas as informações requeridas pelas indicações bibliográficas de livros.

-Artigos de revistas e jornais: escreva os títulos dos artigos (como os capítulos dos livros), os nomes das publicações, números das edições e as datas de publicação.

Fácil, não é?