Frase do dia

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Poesia Matematica, Millor Fernandes

Às folhas tantas


do livro matemático

um Quociente apaixonou-se

um dia

doidamente

por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável

e viu-a do ápice à base

uma figura ímpar;

olhos rombóides, boca trapezóide,

corpo retangular, seios esferóides.

Fez de sua uma vida

paralela à dela

até que se encontraram

no infinito.

"Quem és tu?", indagou ele

em ânsia radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.

Mas pode me chamar de Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram

(o que em aritmética corresponde

a almas irmãs)

primos entre si.

E assim se amaram

ao quadrado da velocidade da luz

numa sexta potenciação

traçando

ao sabor do momento

e da paixão

retas, curvas, círculos e linhas sinoidais

nos jardins da quarta dimensão.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana

e os exegetas do Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.

E enfim resolveram se casar

constituir um lar,

mais que um lar,

um perpendicular.

Convidaram para padrinhos

o Poliedro e a Bissetriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro

sonhando com uma felicidade

integral e diferencial.

E se casaram e tiveram uma secante e três cones

muito engraçadinhos.

E foram felizes

até aquele dia

em que tudo vira afinal

monotonia.

Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum

freqüentador de círculos concêntricos,

viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,

uma grandeza absoluta

e reduziu-a a um denominador comum.

Ele, Quociente, percebeu

que com ela não formava mais um todo,

uma unidade.

Era o triângulo,

tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era uma fração,

a mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade

e tudo que era espúrio passou a ser

moralidade

como aliás em qualquer

sociedade.


Texto extraído do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954, pág. sem número, publicado com o pseudônimo de Vão Gogo.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Aula de Inglês, de Rubem Braga

             — Is this an elephant?
             Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.
             Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.
            Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:
            — No, it's not!
           Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:
           — Is it a book?
           Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:
           — No, it's not!
           Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.
            — Is it a handkerchief?
            Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:
            — No, it's not!
             Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.
             Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.
             — Is it an ash-tray?
             Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray. Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.
             As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:
           — Yes!
           O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta. Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:
           — Very well! Very well!
           Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.
            Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:
           -- It's not an ash-tray!
           E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.

Maio, 1945

A crônica acima foi extraída do livro "Um pé de milho", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1964, pág. 33.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Mario Quintana


Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

colhidos no mais íntimo de mim...

Suas palavras

seriam as mais simples do mundo,

porém não sei que luz as iluminaria

que terias de fechar teus olhos para as ouvir...

Sim! Uma luz que viria de dentro delas,

como essa que acende inesperadas cores

nas lanternas chinesas de papel!

Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas

do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te

e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento

da Poesia...

como

uma pobre lanterna que incendiou!


Extraído do livro "Quintana de bolso", Editora LP&M Pocket - Porto Alegre (RS), 2006, pág. 59, seleção de Sergio Faraco.

domingo, 18 de outubro de 2009

Corridinho, de Adélia Prado

O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem,
chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.

Texto extraído do livro "Adélia Prado - Poesia Reunida", Siciliano - 1991, São Paulo, pág. 181.

sábado, 17 de outubro de 2009

Como Comecei a Escrever, Rubem Braga

             Já contei em uma crônica a primeira vez que vi meu nome em letra de forma: foi no jornalzinho "O ltapemirim", órgão oficial do Grêmio Domingos Martins, dos alunos do colégio Pedro Palácios, de Cachoeiro de Itapemirim. O professor de Português passara uma composição "A Lágrima" — e meu trabalho foi julgado tão bom que mereceu a honra de ser publicado.
             Eu ainda estava no curso secundário quando um de meus irmãos mais velhos — Armando — fundou em Cachoeiro um jornal que existe até hoje — o "Correio do Sul". Fui convidado a escrever alguma coisa, o que também aconteceu com meu irmão Newton, que fazia principalmente poemas.
             Eu escrevia artigos e crônicas sobre assuntos os mais variados; no verão mandava da praia de Marataizes uma crônica regular, chamada "Correio Maratimba". Quando fui para o Rio (na verdade para Niterói) por volta dos 15 anos, mandava correspondência para o Correio. Continuei a fazer o mesmo em 1931, quando mudei para Belo Horizonte.
             A essa altura meu irmão Newton trabalhava na redação do "Diário da Tarde" de Minas. Em começo de 1932 ele deixou o emprego e voltou para Cachoeiro; herdei seu lugar no jornal.
Passei então a escrever diária e efetivamente, e fui aprendendo a redigir com os profissionais como Octavio Xavier Ferreira e Newton Prates. Quando terminei meu curso de Direito, resolvi continuar trabalhando em jornal.
            Fazia crônicas, reportagens e serviços de redação. Ainda em 1932 tive uma experiência bastante séria: fuI fazer reportagem na frente de guerra da Mantiqueira missão aventurosa porque a direção de meu jornal'era favorável à Revolução Constitucionalista dos paulistas, e eu estava na frente getulista. Acabei preso e mandado de volta.
           A essa altura eu já era um profissional de imprensa, e nunca mais deixei de ser.

Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 4 - Crônicas", Editora Ática - São Paulo, 1980, pág. 4.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Concordância Nominal

Concordância nominal nada mais é que o ajuste que fazemos aos demais termos da oração para que concordem em gênero e número com o substantivo.

Teremos que alterar, portanto, o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome.
Além disso, temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira, merecendo um estudo separado de concordância verbal.

REGRA GERAL: O artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome, concordam em gênero e número com o substantivo.
- A pequena criança é uma gracinha.
- O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.

CASOS ESPECIAIS: Veremos alguns casos que fogem à regra geral, mostrada acima.

a) Um adjetivo após vários substantivos

1 - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o plural ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.

- Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.

2 - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.

- Ela tem pai e mãe louros.

- Ela tem pai e mãe loura.

3 - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoriamente para o plural.

- O homem e o menino estavam perdidos.

- O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.



b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos

1 - Adjetivo anteposto normalmente: concorda com o mais próximo.

Comi delicioso almoço e sobremesa.

Provei deliciosa fruta e suco.

2 - Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: concorda com o mais próximo ou vai para o plural.

Estavam feridos o pai e os filhos.

Estava ferido o pai e os filhos.


c) Um substantivo e mais de um adjetivo

1- antecede todos os adjetivos com um artigo.

Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola.

2- coloca o substantivo no plural.

Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola.


d) Pronomes de tratamento

1 - sempre concordam com a 3ª pessoa.

Vossa santidade esteve no Brasil.


e) Anexo, incluso, próprio, obrigado

1 - Concordam com o substantivo a que se referem.

As cartas estão anexas.

A bebida está inclusa.

Precisamos de nomes próprios.

Obrigado, disse o rapaz.



f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)

1 - Após essas expressões o substantivo fica sempre no singular e o adjetivo no plural.

Renato advogou um e outro caso fáceis.

Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe.


g) É bom, é necessário, é proibido

1- Essas expressões não variam se o sujeito não vier precedido de artigo ou outro determinante.

Canja é bom. / A canja é boa.

É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.

É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A entrada é proibida.


h) Muito, pouco, caro

1- Como adjetivos: seguem a regra geral.

Comi muitas frutas durante a viagem.

Pouco arroz é suficiente para mim.

Comprei caro os sapatos.



2- Como advérbios: são invariáveis.

Comi muito durante a viagem.

Pouco lutei, por isso perdi a batalha.

Os sapatos estavam caros.



i) Mesmo, bastante

1- Como advérbios: invariáveis

Preciso mesmo da sua ajuda.

Fiquei bastante contente com a proposta de emprego.

2- Como pronomes: seguem a regra geral.

Seus argumentos foram bastantes para me convencer.

Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.



j) Menos, alerta

1- Em todas as ocasiões são invariáveis.

Preciso de menos comida para perder peso.

Estamos alerta para com suas chamadas.



k) Tal Qual

1- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda com o conseqüente.

As garotas são vaidosas tais qual a tia.

Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.



l) Possível

1- Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “melhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as expressões.

A mais possível das alternativas é a que você expôs.

Os melhores cargos possíveis estão neste setor da empresa.

Os piores situações possíveis são encontradas nas favelas da cidade.



m) Meio

1- Como advérbio: invariável.

Estou meio insegura.

2- Como numeral: segue a regra geral.

Comi meia laranja pela manhã.



n) Só

1- apenas, somente (advérbio): invariável.

Só consegui comprar uma passagem.

2- sozinho (adjetivo): variável.

Estiveram sós durante horas.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O que é um revisor de textos?

" O revisor se define não por seus conhecimentos, mas por seu perfil psíquico. A revisão é mais que uma profissão é uma neurose. Esta neurose se caracteriza como uma espécie de sacrifício consentido (desejado) pelo revisor; é um tributo à saúde (qualidade) da edição. (...) Para o revisor, o importante não é o que ele sabe, mas o que ele está consciente de não saber ou, pelo menos, não saber totalmente, e que por isso exige permanente verificação. (...) O exercício da profissão do revisor pode ser descrito, perfeitamente, como uma 'leitura angustiada'. O seu trabalho é, justamente, evitar que todos os outros seres humanos necessitem fazer essa leitura angustiada."
BRISSAUD, Sophie. La lecture angoissée ou la mort du correcteur. Cahiers Gutenberg n.°31 - déc. 1998. Tradução de Sandra Baldessin. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Revisor_de_textos
* Tela: "Leitura", de Renoir
A revisão de textos é primordial na elaboração de documentos, sejam eles trabalhos académicos, textos literários e jornalísticos, materiais publicitários, textos para sites ...
Este cuidado demonstra um respeito ao leitor e assegura que as informações presentes no texto estão claras e bem estruturadas.
Logo, todo tipo de texto merece uma revisão atenta.

  • Materiais publicitários (fôlderes, flyers, entre outros)


  • Catálogos, revistas, jornais


  • Textos acadêmicos (monografias, dissertações, teses, artigos)


  • Livros


  • Livros didáticos


  • Textos técnicos, manuais etc.


  • Textos comerciais, contratos etc.


  • Sites, blogs


  • Pequenos textos em geral, impressos ou divulgados na internet

Nós, da Revisão de Textos, temos o compromisso de:

  • zelar pela qualidade do nosso trabalho;


  • obedecer o prazo de entrega, conforme combinado;


  • e garantir um preço justo.

Faça seu orçamento conosco!


Nossos preços:
Os valores são por laudas* (1250 caracteres):
  • Revisão Técnica* - Entre R$ 5,00 e R$9,00 a lauda.
  • Orientação de texto* - Entre R$ 10,00 e R$ 15,00 a lauda.
  • Impressão em preto (laser) - Entre R$ 0,10 e R$ 0,15 a página.
  • Impressão Colorida (jato de tinta) - Entre R$ 1,20 e R$ 1,50 a página.
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*Como Calcular o número de laudas: Para o cálculo do número de laudas, são utilizadas as ferramentas de contagem de palavras do editor de textos. Abra o documento no Microsoft Word e, em "Ferramentas", selecione "Contar Palavras". Localize o número indicado em "Caracteres com espaços" e o divida por 1250. O valor obtido corresponde ao número de laudas (o qual nem sempre é o mesmo número de páginas do documento).

*Revisão Técnica : É a correção ortográfica e gramatical. Dá clareza ao texto, eliminando repetições, vícios de linguagem, proporcionando uma melhor organização para as ideias. Em trabalhos acadêmicos, fazemos também a revisão das normas da ABNT.


* Orientação de Texto: Na orientação de texto, além da revisão técnica, são apresentadas sugestões para uma melhor composição do texto, de acordo com o conteúdo e estilo propostos. É uma revisão mais ampla, devido a isso, requer mais tempo de trabalho.


Conjunção e Preposição

Conjunção: É a palavra que liga orações basicamente, estabelecendo entre elas alguma relação (subordinação ou coordenação). As conjunções classificam-se em:


Coordenativas, aquelas que ligam duas orações independentes (coordenadas), ou dois termos que exercem a mesma função sintática dentro da oração. Apresentam cinco tipos:

aditivas (adição): e, nem, mas também, como também, bem como, mas ainda;

adversativas (adversidade, oposição): mas, porém, todavia, contudo, antes (= pelo contrário), não obstante, apesar disso;

alternativas (alternância, exclusão, escolha): ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer;

conclusivas (conclusão): logo, portanto, pois (depois do verbo), por conseguinte, por isso;

explicativas (justificação): - pois (antes do verbo), porque, que, porquanto.


Subordinativas - ligam duas orações dependentes, subordinando uma à outra. Apresentam dez tipos:

causais: porque, visto que, já que, uma vez que, como, desde que;

comparativas: como, (tal) qual, assim como, (tanto) quanto, (mais ou menos +) que;

condicionais: se, caso, contanto que, desde que, salvo se, sem que (= se não), a menos que;

consecutivas (conseqüência, resultado, efeito): que (precedido de tal, tanto, tão etc. - indicadores de intensidade), de modo que, de maneira que, de sorte que, de maneira que, sem que;

conformativas (conformidade, adequação): conforme, segundo, consoante, como;

concessiva: embora, conquanto, posto que, por muito que, se bem que, ainda que, mesmo que;

temporais: quando, enquanto, logo que, desde que, assim que, mal (= logo que), até que;

finais - a fim de que, para que, que;

proporcionais: à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais (+ tanto menos);

integrantes - que, se.

As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, enquanto as demais iniciam orações subordinadas adverbiais. Muitas vezes a função de interligar orações é desempenhada por locuções conjuntivas, advérbios ou pronomes.



Preposição: palavra que liga duas outras estabelecendo entre elas certas relações de sentido e de dependência. Exemplo: Carro de Marcos. / Iremos a Recife.

essenciais (maioria das vezes são preposições): a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, per, perante, por, sem, sob, sobre, trás;

acidentais (palavras de outras classes que podem exercer função de preposição): afora, conforme (= de acordo com), consoante, durante, exceto, salvo, segundo, senão, mediante, visto (= devido a, por causa de) etc. (Vestimo-nos conforme a moda e o tempo / Os heróis tiveram como prêmio aquela taça / Mediante meios escusos, ele conseguiu a vaga / Vovó dormiu durante a viagem).


Locução prepositiva: expressão formada por mais de uma palavra e que tem função de preposição. Exemplos: abaixo de, junto a.

sábado, 10 de outubro de 2009

A Bola, de Luis Fernando Verissimo

           O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

            O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando não gostam do presente ou não querem magoar o velho.
            Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.
            - Como e que liga? - perguntou.
            - Como, como é que liga? Não se liga.
             O garoto procurou dentro do papel de embrulho.
             - Não tem manual de instrução?
            O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.
            - Não precisa manual de instrução.
            - O que é que ela faz?
            - Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.
            - O quê?
            - Controla, chuta...
            - Ah, então é uma bola.
            - Claro que é uma bola.
            - Uma bola, bola. Uma bola mesmo.
            - Você pensou que fosse o quê?
            - Nada, não.
            O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.
           O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina. O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.
           - Filho, olha.
           O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela.
           O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada.
           Talvez um manual de instrução fosse uma boa idéia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Sexa, Luis Fernando Verissimo

- Pai........
- Hummmmm?
- Como é o feminino de sexo?
- O quê?
- O feminino de sexo.
- Não tem.
- Sexo não tem feminino?
- Não.
- Só tem sexo masculino?
- É.Quer dizer,não.Existem dois sexos.Masculino e Feminino.
- E como é o feminino de sexo?
- Não tem feminino.Sexo é sempre masculino.
- Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
- O sexo pode ser masculino ou feminino.A palavra "SEXO" é masculina.O SEXO masculino,o SEXO feminino.
- Não devia ser "A SEXA"?
- Não.
- Por que não?
- Porque não!Desculpe.Porque não."SEXO" é sempre masculino.
- O sexo da mulher é masculino?
- É.Não!O sexo da mulher é feminino.
- E como é o feminino?
- Sexo mesmo.Igual ao do homem.
- O sexo da mulher é igual ao do homem?
- É.Quer dizer...Olha aqui.Tem o SEXO masculino e o SEXO feminino,certo?
- Certo.
- São duas coisas diferentes.
- Então como é o feminino de sexo?
- É igual ao masculino.
- Mas não são diferentes?
- Não.Ou,são!Mas a palavra é a mesma.Muda o sexo,mas não muda a palavra.
- Mas então não muda o sexo.É sempre masculino.
- A palavra é masculina .
- Não." A palavra" é feminino.Se fosse masculino seria "o pal..."
- Chega!Vai brincar ,vai.
O garoto sai e a mãe entra.O pai comenta:
-Temos que ficar de olho nesse guri...
- Por quê?
Ele só pensa em gramática.

(Do Livro:Comédias para se Ler na Escola)