O fato se deu na casa do neto de um amigo (céus, meus amigos já têm netos!). Garoto de cinco anos. Diz o jovem avô coruja (tem 50, antigamente avô tinha pra mais de setenta, não era, não?), bem, diz o avô que o menino, desde o primeiro Natal, ainda no colo, ficava deslumbrado com a árvore que todo ano aparecia na sala. Com quatro e cinco já ajudava e colocar os badulaques todos.
Pois foi em janeiro do ano que está terminando que o Joaquim (nome do neto e não do avô) – mais precisamente no dia 6 – reclamou com aquela autoridade de cinco anos já completados:
- Mas vai desmanchar a árvore de novo? (e quase chorando). Porque que todo ano tem que desmanchar a árvore? Por quê?
Era hora do café da manhã, todo mundo reunido. Pai, mãe, irmãos mais velhos: senhores de 10 e 14 anos. E todos se entreolharam.
- É uma tradição, meu filho.
- Tradição?, perguntou o Joaquim que não tinha a mínima idéia do que fosse uma tradição.
- Tradição.
Não sabia o que era aquela palavra esquisita, mas devia ser coisa muito séria, porque a tal da tradição obrigava todas as casas da rua, da cidade, a desarrumarem a árvore de Natal no dia 6 de janeiro. Dias de Reis!, acrescentou a mãe.
Joaquim se calou mas aprendeu que rei e tradição deveriam ter alguma coisa em comum. De rei, ele só conhecia os reis magos. Ou magros, como ele dizia.
- Se é coisa de dia de rei, então os reis magros ficam no presépio.
O pai encarou:
- E posso saber porque?
E o garoto não pestanejou:
- Tradição!
E a árvore não foi desmontada. E o presépio está lá até hoje. Tá certo que foi incremento com umas motos, uma perna de Barbie, um Homem-Aranha e uma nota de um dólar que ninguém sabe de onde saiu. Fora um relógio de plástico cor-de-rosa
E a árvore de Natal, no lugar das bolas vermelhas, amarelas “Iguais as do Guga”. E, lá em cima, no lugar da tradicional estrela-cometa, uma bandeira do Brasil escrito com a letra dele, em forma: R-O-N-A-D-O.
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